A infância é marcada por um período de grande plasticidade no desenvolvimento do cérebro, principalmente nos primeiros anos de vida. Estudiosos apontam que nos “três” primeiros anos cerca de 800 neurônios se conectam por segundos para formar sinapses de aprendizagem.
Tendo em vista que o autismo é um transtorno que envolve várias dificuldades comportamentais, é preciso atentar-se as intervenções desde o primeiro momento em que o seu filho recebeu o diagnóstico ou até́ mesmo foi pontuado com “sinais de alerta” para o espectro ou já apresenta atrasos de acordo com os marcos do que esperado para cada mês e idade do desenvolvimento infantil.
A intervenção quanto mais precoce iniciar-se, maior será a eficácia na aquisição de comportamentos, seja nas áreas sociais, cognitivas, emocionais, de linguagem e pedagógicas podendo até mesmo eliminar boa parte dos sintomas e desfrutar de uma vida significativa, produtiva e plena. Entretanto, isso não significa que a criança deixará de ser autista, mas ela conseguirá adquirir repertórios que são necessários e importantes para o seu desenvolvimento.
Uma pergunta frequente que recebemos na clínica é: Preciso do diagnóstico de autismo para iniciar com as intervenções?! Minha resposta é, Não! Se você̂ nota que o seu filho não está desenvolvendo-se dentro do que é esperado em cada etapa e apresenta comportamentos que você̂ julga ser “diferentes” de outras crianças da mesma idade, procure ajuda com psicólogo (a) especializado em Análise do Comportamento imediatamente!
Ao falar em intervenção precoce vamos destacar um modelo que tem tido excelentes resultados nas pesquisas atuais, que é o Modelo Denver de Intervenção Precoce. Ele foi desenvolvido para dar uma resposta intensiva de intervenção precoce completa a crianças a partir de 7/8 meses de vida podendo ir até aos 4 anos de idade. Este modelo é fundamentado e embasado na Analise Aplicada do Comportamento – ABA, e tem como objetivo reduzir os sintomas do autismo por meio de técnicas apropriadas que podem acelerar o desenvolvimento da criança em todos os domínios, como na comunicação e linguagem, brincar, social, autocuidado e todas as habilidades cognitivas.
No autismo uma característica crucial é a dificuldade nas interações sociais, e por isso tornou-se o coração do espectro. Desta forma, o Modelo Denver focou-se em construir relações próximas com as crianças por meio de interações dinâmicas que envolvem um afeto positivo em que levaria a criança a procurar outros parceiros sociais para participarem nas suas atividades favoritas. Por isso esse Modelo de intervenção foi fundamentado no desenvolvimento social e comunicativo.
Vale ressaltar que as principais características desse Modelo incluem: uma equipe multidisciplinar (analisado individualmente), um planejamento individualizado abrangendo todos os domínios do desenvolvimento, uma assistente terapêutica domiciliar diária, carga horaria de no mínimo 20 horas semanais e o coaching parental.
As intervenções baseadas no Modelo Denver de Intervenção Precoce são projetadas para aumentar a relevância das recompensas sociais e, assim, melhorar a atenção e a motivação social da criança para a interação social. Nessas estratégias de ensino incluem: incentivos relacionados com objetivos e respostas da criança, incorporação das escolhas da criança nos episódios de ensino, intercalação de tarefas previamente adquiridas com tarefas em fase de aquisição, atividades que sejam altamente reforçadoras para as crianças, reforço por parte do terapeuta nos objetivos alvos alcançados e manejo nos comportamentos inapropriados...
A grande importância das crianças receberem a intervenção precoce, é de que as competências que normalmente são mais afetadas em bebês e crianças com autismo podem ser transformadas em repertórios adquiridos que envolvem a interação conjunta, a imitação, o brincar e a linguagem. E tudo isso acontece por causa da neuroplasticidade que é capacidade do cérebro de construir e refazer novos caminhos. Quanto mais cedo a criança receber o tratamento adequado, melhor qualidade de vida ela poderá ter!
Referência Bibliográfica:
C –
Modelo Denver
para a promoção da linguagem
da aprendizagem e da socialização.
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