Para quem não me conhece, meu nome é Mariana Nunes, mais conhecida como Tia Mari. Dedico minha vida ao autismo há 6 anos e, desde então, eu mudei. Sim, eu mudei. A Mariana, pesquisadora durona, deu lugar à Tia Mari sensível, empática, observadora.
Há quem diga que empatia é se colocar no lugar do outro, mas prefiro pensar que é a capacidade de compreender a necessidade do outro, independentemente da nossa. O lugar do outro não me cabe, mas eu posso ser auxílio no que ele precisa. E, para mim, isso é ser terapeuta. É compreender aquele pequeno ser, em seu mundo particular. É respeitar suas vontades, habilidades, potencialidades e até (e principalmente) suas fragilidades. É dar lugar para que aquela pessoinha, desde pequena, se mostre, em sua totalidade. É sorrir fazendo a farra mais gostosa, mas encontrar aconchego em sua dor, quando a crise vier. É colo quando o dia não começou tão legal assim. Ou quando não acabou como esperado.
Nós, terapeutas, passamos os dias fazendo parte da família de cada um dos nossos pacientes. Ouvimos, acolhemos, investigamos, intervimos. Participamos da escola, das demais terapias, dos grupos do WhatsApp, do shopping, do mercado… e de inúmeras situações que nos fazem pensar: caramba!! Eu ensino essa família a viver!!
Sim, a viver e a conviver com uma condição que não foi esperada, mas que precisa ser compreendida e VIVIDA. E não, não somos detentores do saber. E sabe quem vai nos mostrar isso? O seu filho. A sua filha. Por mais que tenhamos a ciência a nosso favor, cada paciente nos demanda uma estratégia. Uma observação, uma orientação. Demanda supervisões, discussões de caso, reuniões, visitas… ufa!
E sabe por que eu decidi fazer esta carta? Para que você não se sinta só e não nos deixe só. Andamos juntos, desde que nos permita. Que nos fale, mas também nos ouça. Que respeite o meu limite, o seu limite e o de quem mais importa: do seu pequeno ou do seu grandão. Porque sim: se desenvolver também requer limites, em todos os significados da palavra. Requer respeito, sabedoria e entrega. Mas também requer aproveitar cada etapa gostosa do aprender, desde a mínima habilidade, até o máximo dos nossos objetivos alcançados.
E aí, quem vem comigo nesse desafio?
Mariana Nunes dos Santos
Esp. Em ABA para Autismo e Deficiência Intelectual.
Solicite atendimento