Todos sabemos das dificuldades, das comorbidades que rodeiam o TEA, das crises sensoriais, das sobrecargas, disfunção executiva, enfim, das limitações que o autismo traz. Eu muitas vezes falo das potencialidades e das vantagens relacionadas com o jeito atípico de ser, mas hoje vou falar dessas limitações!
Na troca de experiências que tenho com outros autistas, homens, mulheres, adultos e adolescentes, não é raro que falemos sobre essas dificuldades. O que pode ser surpresa para muitos é que dentre todas essas que citei acima, não está contida a qual é uma das maiores barreiras presentes na vivência de nós autistas, a falta de aceitação do nosso jeito de ser.
Isso mesmo, no topo da lista de dificuldades relatadas pela grande maioria das muitas pessoas autistas que tenho contato, está a falta de compreensão alheia! A sociedade continua querendo enquadrar o autista num padrão de normalidade neurotípico. Querem forçar, e acredito que muitas vezes nem é por maldade, a pessoa autista a agir de uma maneira que ela simplesmente não consegue. E a pessoa autista não é capaz de agir como um neurotípico não porque tem algo errado com ela, mas simplesmente porque é diferente, e está tudo bem em ser diferente!
As pessoas precisam entender que a neurodiversidade é constitutiva da raça humana, desde que existe o ser humano existem neuroatípicos e só chegamos ao nível de desenvolvimento em que estamos por causa da diversidade em todos os sentidos.
Com isso, para quem gosta de problematizar, não estou dizendo que o autista não deve buscar auxílio para amenizar as dificuldades e cessar comportamentos inadequados e/ou prejudiciais para sua integridade ou a dos outros. Apenas venho ressaltar que ser normal não é igual a ser neurotípico. Não é esse o padrão que todos devemos seguir. Temos que aprender a viver todos bem com nossas diferenças e se qualquer pessoa não entende isso então quem tem que se esforçar para ser normal não é o autista.
Aceitação começa dentro de casa. Para existir inclusão de fato é necessário informação, entendimento e conscientização.
Então se você é autista e está lendo esse texto, espero que você fique tranquilo e saiba que nós somos normais!
Agora, se quem está lendo aqui é alguém neurotípico, só peço que entenda que assim como quem está dentro do espectro procura entender e aceitar o jeito neurotípico de ser, procure entender você também a nossa maneira de existir.
Texto escrito por: Fábio A. Cordeiro, Autista, 40 anos | Funcionário Público Federal | Pai de dois meninos, um neurotípico e um autista | Colunista no vidadeautista.com.br | Membro da REUNIDA - Conselho do Autistas | Criador da maior página de humor autista do Brasil - @aspiesincero
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