Em 1980 foi criado um sistema de apoio para alunos com restrições o (PBIS), com o passar dos anos, esse sistema foi se atualizando e no ano de 2000 ele se tornou uma organização de apoio para todos os alunos. O Sistema de apoio tem uma abordagem para diminuir e prevenir comportamentos problemáticos, definindo alguns elementos centrais; Em um ambiente escolar quando voltado para uma criança atípica é necessário que haja um levantamento de suas necessidades educacionais e que a escola, família e terapeutas estejam sempre em harmonia. Para que haja um bom manejo; Conhecer bem a criança para identificar os possíveis percursores que possa desencadear tais comportamentos inadequados; birra, gritos, agressões (bater, chutar), autolesões, entre outros;Apresentar sempre instruções claras e simples para cada tarefa orientada;Manter o ambiente sala de aula sempre organizado e estruturado;Intercalar sempre o interesse da criança com atividades estruturadas,Utilizar de estratégias visuais para ajudar a criança a obter atenção e compreensão de comandos,Elogiar comportamentos adequados para que a criança se sinta mais motivada;Criar um quadro de rotina com imagens simples e sem muitos estímulos para que a criança compreenda como irá discorrer o período em que ela está no ambiente escolar,Estabelecer regras simples e concisas Identificar um comportamento apropriado alternativo e ensinar a criança para que ela substitua o comportamento inadequado pelo novo conceito que foi ensinado.O PBIS pode ser empregado e adaptado em qualquer unidade escolar, cada escola é permitida criar seu próprio sistema de apoio que esteja dentro das necessidades de seus alunos, usando elementos baseados ao do PBIS.Essas são algumas ações de manejo de comportamentos inadequados que podem ser inseridas no ambiente escolar com tudo deve sempre ponderar e estimular a criança a aprimorar sempre sua autonomia e independência para que assim os comportamentos inapropriados sejam amenizados.Texto escrito pela psicopedagoga Maria Helena. A história da querida Maria Helena nos emociona e nos encoraja sempre a buscar o que há de melhor para as nossas crianças.Ela buscou a radiologia para conhecer mais a fundo o funcionamento do cérebro humano para compreender melhor o processo de alfabetização e como as crianças autistas aprendem.Em breve, juntos, lançaremos um material que irá auxiliar a alfabetização das crianças autistas, com base na ciência ABA, entre em contato conosco e SAIBA MAIS.
Nosso cérebro é composto por aproximadamente 100 bilhões de células nervosas, chamadas de neurônios. Os neurônios espelhos são um grupo de células do sistema nervoso central que estão envolvidos na compreensão imediata de uma habilidade do indivíduo. Os cientistas consideram de extrema importância a descoberta dessas células pois elas tem uma importância crucial no repertório motor, imitação, aquisição da linguagem e empatia. Acredita-se que o neurônio-espelho é a base das habilidades sociais. “Um neurônio-espelho pode ser usado para analisar cenas ou intenções de outros indivíduos”, comenta o neurocientista Stevens Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).De acordo com evidências de pesquisas com pessoas autistas, nota-se que o cérebro dessas pessoas apresentam falhas, alterações e prejuízos no funcionamento do hipocampo, o corpo mamilar, o córtex entorrinal, a amígdala, o subículo, o giro do cíngulo, as células de purkinje e o córtex pré-frontal. (Siqueira, et al, 2016).Estas falhas/disfunções neste neurônio podem estar ligadas as dificuldades de socialização e de comunicação, ou seja, que é caracterizado pela dificuldade em realizar interações sociais e comunicativas - prejuízos característicos nos comportamentos de pessoas com transtorno do espectro autista.A hipótese é de que o sistema de neurônios-espelhos existam em várias regiões cerebrais, por isso é de suma importância a ESTIMULAÇÃO PRECOCE. Com a intervenção precoce é possível despertar o sistema de neurônios espelho e auxiliar no desenvolvimento da criança. É inquestionável que nos primeiros anos de vida os caminhos neuroplásticos livres no cérebro estão prontos para serem direcionados e modificados através da estimulação precoce. Como o cérebro ainda está em processo de amadurecimento existe maior plasticidade neuronal que possibilita maiores ganhos terapêuticos, e melhora significativa no quadro geral da criança.Se sua criança recebeu o diagnóstico de TEA inicie o quanto antes a intervenção precoce com uma equipe multidisciplinar especializada para maximizar os ganhos em seu desenvolvimento.Texto escrito pela neuropsicóloga Jessica Duarte, Terapeuta e Supervisora Mundo Kids,
A grande questão em relação ao padrão da mulher/ mãe guerreira está nas redes sociais, nas quais os bastidores da vida real são ocultados, as dificuldades são suplantadas. O equívoco ocorre quando escolhemos acreditar na perfeição inatingível. A insatisfação ocorre ao passo da inexistência desses padrões de perfeição. As referências de redes sociais servem apenas para gerar frustração. Mostrar a imperfeição não está em alta. A potência com que essas informações chegam ao nosso alcance nos afetam a ponto de paralisar por completo.Nós, mulheres/mães, precisamos entender de fato o que é "ser guerreira". Pois, afinal, quem disse que queremos essa "guerra?" Queremos os mimos, a possibilidade, a necessidade de "estar" frágil, de receber colo. Reconhecer essa dependência de cuidado é sinônimo de força. A cobrança excessiva em buscar um patamar elevado destrói a possibilidade de SER. Passamos a ocupar o lugar da obrigação de TER. Ter que estar firme.Ter que estar bela.Ter que sorrir.Ter que estar num padrão de referência do que se espera de uma mulher guerreira.E o TER mantém a sobrevivência. Enquanto o SER, a felicidade. Um "ter" o tempo todo que não sobra tempo para o "olhar para dentro", para o "eu" interior e para as necessidades pessoais. Esse tempo, que eu prefiro chamar de "tempo de perdão", traz a compreensão real da importância da vida. E tudo que podemos SER enquanto seres vivos.A nossa personalidade, unicidade fica esquecida nas referências alheias, de experiências distintas e nos deixam "pesadas" em não podermos errar na difícil missão de ser mulher/mãe perfeita. Sem falar na culpa que carregamos por não conseguirmos suprir nossas próprias expectativas. Entender que a plenitude, a inspiração inacessível, a capacidade feminina de fazer, realizar tem que ser desprovida da necessidade de sempre provar que se é capaz.Provar que é, por si só, torna-se exaustivo, frustrante. E quem disse precisamos aceitar essa condição?Aceitar o fato de receber tantos elogios, tantos superpoderes não faz de nós uma supermulher/mãe. Muito pelo contrário, nos exime da liberdade de sermos delicadas, frágeis, de o pedirmos e recebermos ajuda. A realidade é que ocupar esse papel nos traz a dimensão de ser humanas, cheias de falhas. Mas assertivas e o indesistíveis, também.O momento para despir-se dessa vestimenta de mãe/mulher guerreira pode ser agora, de abandonar esse "roteiro" que criaram para você. (Re)comece. (Re)conecte-se. (Re)ssignifique.Assuma o autocontrole, o autocuidado e o amor-próprio. E por que não: torne-se uma mulher "Indesistível"?Texto escrito por: Francilene Vaz, Professora, Autista e Mãe de autistas: Poliana e Francisco | Conselheira Estadual da @ondaautismo | Voluntária no Instituto @autismosoficial
O Transtorno do Espectro Autista – TEA é considerado como uma alteração complexa do neurodesenvolvimento que acomete principalmente nas áreas sociais, de comunicação e com presença de interesses restritos e ou comportamentos estereotipados, ou seja, comportamentos que não são funcionais para se comunicar, mas sim de auto regulação. Atualmente a prevalência é de 1 para 44, esse número vem sendo crescente ao longo dos anos. Não existe cura para o Autismo, e sim tratamentos que auxiliam na diminuição dos sintomas através de repertórios que são adquiridos por meio das intervenções. Vale ressaltar que quanto mais cedo iniciar com as intervenções melhor será a qualidade de vida do autista. Tais intervenções não necessitam diretamente de ter um diagnostico fechado. Se a sua criança apresenta atrasos nos marcos do desenvolvimento, corra para intervir nesses atrasos. Há poucas explicações para o número crescente de Autismo, a causa que prevalece continua sendo a genética. Neurocientistas explicam alguns fatores que contribuem para o diagnostico, como fatores ambientais, idade dos pais por exemplo é uma delas, além dos genes que sofrem uma piora ao longo dos anos e a predisposição de ambas as partes, sendo paterna e materna. Os sinais podem ser vistos desde muito cedo (bebê) ou até mesmo na fase adulta.Para identifica-los precocemente faz-se necessário que a criança seja avaliada por profissionais especializados e bem treinados. Como médicos que atuam na área e psicólogos - Analistas do Comportamento. Identificar o autismo desde cedo é essencial, tendo em vista que as janelas de aprendizagem estão completamente abertas para se desenvolverem e são milhões de neurônios atuando no cérebro por segundos tentando formar sinapses de aprendizagem. Então quanto mais cedo intervir, melhor caminhara o prognostico. Como identificar os sinais? Os sintomas variam de acordo com a criança, porém as dificuldades se caracterizam sempre na comunicação social e na presença de comportamentos disfuncionais e ou interesses restritos. Linguagem Receptiva: a criança normalmente não atenta ao ser chamado pelo nome, não estabelece ou faz pouco contato visual, e que por vezes, não se sustenta; Não obedece aos comandos simples do adulto como: senta, levanta, pega, me dá, guarda, dar tchau, entre outros...Linguagem Expressiva: a criança se comunica usando a mão do adulto para obter o item desejado, não aponta, tem dificuldade para elaborar um pedido, construir frases, repete o que o outro fala, produzindo assim o que chamamos de ecolalia imediata. Comportamento Social: Não imita ou imita pouco as ações dos pares e dos adultos;Falta de interesse em outras pessoas, principalmente em brincar com os pares;Direciona o olhar para objetos e ignora as expressões faciais do adulto/pares;Dificuldade em estabelecer um diálogo; Tem preferência em brincar sozinho, não dá a função correta para o brinquedo, explora, mas não brinca; Rigidez de pensamento: sofrem com alteração de rotina e mudança de algo e o na forma de brincar, mania de enfileirar brinquedos, virar rodas, gostar de itens que giram e se movimentam; Dificuldade de entender e expressar as emoções.Comportamentos Motores: anda na ponta dos pés, faz movimentos com as mãos, principalmente quando está feliz. Alto prazer em ficar pulando e girando. Sono: alteração na rotina do sono, despertar principalmente nas madrugadas Alimentação: restrição e ou seletividade alimentar;Não aceita determinados alimentos pela textura e ou cheiro; Fazem uma seleção de alimentos pela cor; Tratamento - Procure por um Especialista! O tratamento com evidência de eficácia, segundo a Associação Americana de Psiquiatria-APA, é a terapia de intervenção comportamental — aplicada por psicólogos. A mais usada delas é a terapia com uso dos procedimentos da ABA - Análise Aplicada do Comportamento, embora existam outros. Como o tratamento para autismo é interdisciplinar e adequado as necessidades especificas dos indivíduos, ou seja, além da psicologia, pacientes podem se beneficiar com intervenções de fonoaudiologia, terapia ocupacional, musicoterapia, entre outros.Para mais informações, entre em contato conosco e agende uma consulta com um dos nossos especialistas! Por Juliana Moura, CEO da Clínica Mundo Kids - Núcleo de Desenvolvimento e Idealizadora do Parque Azul
Essas são perguntas que me faço cada vez que penso em inclusão e no processo de aprendizado, principalmente quando se trata de alguém que não esteja dentro dos padrões que a nossa sociedade impõe como modelo de normalidade.A escola deveria ser um ambiente de aprendizado. O professor deveria ser um guia para esse processo do aprender. Mas, por muito tempo e ainda hoje, deturpamos o real sentido do que é importante aprender. Pior ainda, resolvemos quantificar em forma de escalas se alguém aprendeu algo e fazemos juízo de valor sobre esse aprendizado qualificando, de 0 a 10, para definir se o aluno aprendeu ou não.Aluno bom é aquele que tira nota alta! Esse tem o mérito de seguir adiante, de passar para a próxima fase. E as fases esqueceram o crescimento intelectual, cognitivo, moral, esqueceram o crescimento interior onde se aprende a viver entre os pares. As fases ignoram os intelectos e supervalorizam as notas.O ensino, ao invés de ser algo que apresenta aos alunos novos conhecimentos e desafios que os incita a evoluir, neurofisiologicamente falando, tornou-se algo que busca apenas um número para dizer se alguém é bom ou não. Como exemplo disso, vamos pensar juntos aqui, quantos de nós hoje na vida adulta lembramos da fórmula de Bhaskara? Quantos aqui são capazes de explicar uma ligação covalente? Para não ficar só nesse campo, desafio a pensarmos quantos aqui são capazes de realizar uma análise morfológica de uma expressão?Aposto que os que conseguem responder afirmativamente as perguntas acima são apenas as pessoas que decidiram trabalhar nas determinadas áreas em questão. Ainda assim, muito provavelmente, se consegue responder uma delas, não tem tanto sucesso assim nas outras por serem de áreas diferentes. Indo mais longe, ouso arriscar que, mesmo para quem consegue lembrar-se de alguma dessas questões, deve-se ao fato de que o assunto foi revisitado em sua graduação, e não porque lembra do que lhe foi apresentado no ensino regular.E aonde quero chegar com isso? Apenas quero mostrar que é importante sim que tenhamos sido apresentados a essas questões durante os anos letivos. Porém, não para tirar uma nota boa, mas sim para que, naquele momento do nosso desenvolvimento, nosso cérebro seja desafiado a trabalhar de forma que nosso cognitivo avance e alcancemos nosso máximo potencial neurológico.Não é para saber Bhaskara que nos ensinam a fórmula, mas sim porque, naquela fase do desenvolvimento, são aquelas habilidades que precisamos desenvolver, e isso se dá através do desafio que aquela atividade propõe ao nosso cérebro. Não tem nada a ver com nota de 0 a 10. Tem a ver com a fase de desenvolvimento que estamos a seguir naquele momento.Imaginem, por exemplo, outra fase de nossas vidas, um pouco antes dessa quando somos apresentados às ligações covalentes ou às fórmulas de Física. Quando um aluno está nos primeiros anos da sua vida escolar e a atividade é fazer um recorte de um desenho e uma colagem… Naquele momento, fica até ridículo pensar que alguém daria nota 10 ou nota 5 para aquele recorte. É fácil de entender que o que importa naquele momento é que o aluno ganhe habilidades, que desenvolva, ao usar uma tesoura, sua coordenação motora fina, para que mais adiante possa segurar um lápis com destreza para executar movimentos de escrita.Então, como nos outros exemplos, na vida adulta, não é necessário que você tenha sido o melhor recortador para que tenha êxito no seu desenvolvimento. Basta que tenha sido exposto àquilo e que tenha sido útil para seguir à fase adiante. O recorte "nota 10" não é melhor que o recorte "nota 5"; desde que o segundo tenha alcançado seu máximo potencial, o objetivo foi alcançado.E tem a ver com isso, com desenvolver o seu potencial. E aí, todos são diferentes. Alguém pode ser um ótimo físico, um ótimo matemático, médico ou engenheiro, outro pode ser o melhor cozinheiro, ou o melhor pintor, músico, cabeleireiro ou mecânico. E todos esses papéis são importantes em nossa sociedade. O problema é que essa sociedade, nossas escolas, punem esse segundo grupo, como se fossem menos dos que os nota 10. E o ser humano não é uma nota. Não é um número que define se alguém é bom ou ruim, ou pelo menos não deveria ser. Com certeza, não deveriam ser os professores esses que pensam que a nota é o que importa. Mas são!Meu filho é adolescente e está no Ensino Médio. Ele, já há algum tempo, não acompanha essas fórmulas matemáticas, não entende por que tantas letras nas contas e não apenas números. Ele não sabe a fórmula de Bhaskara. Durante o ensino fundamental, ele foi exposto a todas essas questões e teve seu desenvolvimento intelectual, na mesma medida em que seus pares, estabelecido ao ponto a que eram propostos esses desafios.Ele não tinha notas boas, mas os professores entenderam que aquele aluno acompanhava o intelecto propício para seguir em frente e assim o aprovavam para a próxima fase. Ele evoluiu. Ele é muito inteligente, muito! E ele não sabe a fórmula de Bhaskara. Isso não importa, ele quer ser chefe de cozinha. Para ser mais exato, isso não deveria importar, mas sempre tem a questão das notas. Aposto que ele pode ser um dos melhores chefes de cozinha do mundo. Ele é muito inteligente, não deve nada aos pares da mesma idade. Porém, sempre tem a questão das notas! Agora, no Ensino Médio, lhe falta a base para fazer cálculos complexos que exigiriam aquelas fórmulas que ele não trouxe lá de trás. Ele não vai ter notas boas. Porém, ele trouxe muito mais coisas lá de trás. Essas realmente importantes que são o pilar para uma vida digna. Ele trouxe a força de sempre ser visto como alguém que está aquém do que a cor no número do boletim exigia mas que seguia em frente. Ele trouxe uma compreensão da vida que poucos de sua idade têm. Ele trouxe uma maneira diferente de fazer as coisas: sempre vê um lado bom mesmo nos momentos mais difíceis e eu duvido que alguém que converse com ele e que se proponha a conhecê-lo, sem olhar antes para uma nota num boletim, tenha a capacidade de dizer que ele não é inteligente e que não deveria estar na série escolar em que está.Se fosse apenas por notas, talvez ele ainda estivesse na sexta série. Mas e que ganho ele teria em perder a chance de estar com seus pares da mesma idade e se desenvolver como cidadão? Que ganho teria a sociedade em, ao não reconhecer que um indivíduo não é apenas uma nota, podar as aspirações desse aluno quando qualquer professor que se propor a conhecê-lo mais a fundo vai perceber que ele é tão ou mais capaz que aquele outro aluno nota 10?Mas agora, como eu já disse, meu filho está no Ensino Médio. Essa semana, ao conversar com os professores dele numa reunião que marquei porque ele está muito preocupado com suas notas que não são boas, ao explicar todas essas questões de que ele não acompanha bem os conteúdos acadêmicos desde o Ensino Fundamental, mas que seu intelecto vai muito bem em relação aos pares da mesma idade, ao deixar claro que, nos anos letivos anteriores, ele sempre seguiu adiante, pois a perda seria muito maior em relação ao seu desenvolvimento se ele ficasse retido na mesma série do que simplesmente o contexto acadêmico demandava, a reposta que eu tive foi avassaladora."Os professores aqui não vão dar nota!"Em nenhum momento eu pedi nota. Eu pedi foi para que ele pudesse seguir adiante. Pedi para que vissem que ele é capaz independentemente de nota. Pedi para ele ter a chance de terminar o Ensino Médio e fazer a faculdade de Gastronomia. Ele está no primeiro ano do Ensino Médio e reprovar não fará com que ele resgate toda a bagagem de fórmulas e análises que ele não pegou lá no Ensino Fundamental. Reprová-lo só vai punir. E ensino não deveria ser punição. Para que serve a escola? Qual a função do professor? Punir?"Alguns professores são mais compreensivos, outros não."Essa foi outra afirmação que ouvi naquele dia. Inclusão não deveria depender de compreensão. Inclusão deveria ser uma regra, e não a exceção.Meu filho é Autista. Ele não aprende da mesma maneira que outras pessoas talvez aprendam. Ele é inteligente! Ele é muito inteligente! Ele não sabe a fórmula de Bhaskara!Texto escrito por: Fábio Cordeiro Presidente da ONDA-Autismo
Sabemos que existem muitas leis que protegem a pessoa com deficiência. As crianças com deficiência têm vários direitos quando se trata de educação, como por exemplo: não pode ter a matrícula negada, ter uma profissional de apoio de necessário, ter conteúdo e avaliações adaptadas, direito a acessibilidade e tecnologia assistiva etc. Mas a inclusão, não deveria ser porque é lei e sim porque são pessoas! São crianças, adolescentes, adultos que deveriam estar em todos os lugares, porque são seres humanos.Nós crescemos em uma sociedade excludente, poucos de nós da geração X (nascidos entre 1960 a 1979) e Millenials (nascidos entre 1980 a 1994) cresceram com pessoas com deficiência nas salas de aulas. Pessoas com deficiência sempre existiram, mas há 20, 30 anos atrás a maioria estavam em casa, escondidas ou institucionalizadas, sem acesso à educação! Nós não crescemos com colegas de classe com deficiência, mas hoje nós somos pais de crianças com deficiência que não aceitam a exclusão, felizmente a sociedade evoluiu e nossos filhos são pessoas, a educação faz parte da dignidade humana, todo ser humano a ter uma vida digna. Negar educação a qualquer pessoa é tirar a dignidade dela. O desfio da inclusão ainda é muito grande, fazemos parte da geração que começou a entender que as pessoas são diversas e tem direito de serem quem elas são, nossa geração é a geração que precisa aprender muito, que precisa voltar para as salas de aulas como aluno, e aprender o básico sobre inclusão, que não aprendemos porque não vivenciamos, porque não crescemos brincando, interagindo, estudando junto com pessoas com deficiência. INCLUSÃO SE APRENDE COM CONVIVÊNCIA.Os nossos filhos não vão precisar parar para aprender, como lidar, como brincar, como atender uma pessoa com deficiência, porque eles já estão convivendo, nos últimos anos muitos já tiveram ou tem algum contato com outras crianças com deficiência em sala de aula. Mas ainda falta muito, o acesso ainda é muito difícil, sofrido, desgastante, famílias de crianças com deficiência passam todos os dias discriminação principalmente com escolas que dizem não estar preparado para receber e sugerir que procurem escolas especializadas. Crianças com deficiência precisam estar em escola regulares, a maioria das crianças tem condições de estar em uma escola regular, são pouquíssimas crianças que precisam de escolas especializadas e são pouquíssimas as escolas especializadas no Brasil, a segregação não é a solução.E se fosse o seu filho?Se coloca no lugar de uma mãe, ou de uma família que tem uma criança com deficiência, o que você sentiria se dissessem que seu filho não é bem-vindo em uma escola, porque ele é diferente, porque ele tem limitações que são impossíveis de ser mudadas, limitações que em nenhum momento ele escolheu, ou você como mãe, pai, escolheu ter um filho com deficiência. A deficiência não sai da pessoa! Quem precisa se adaptar é o ambiente. Quem precisa aprender a lidar, aprender a ensinar, aprender a atender, são os professores, educadores. Quem precisa se adaptar, ter rampas, elevador, ter intérpretes são as escolas. Criança com deficiência na escola, o que ter em mente neste 2022?1. Não existe limite de crianças com deficiência por turma O que precisamos ter, são classes sem superlotação 2. Nem toda criança precisa de professor de apoioQuando a família ou a escola impõe um profissional de apoio, sem antes fazer uma avaliação, cria-se uma barreira de relacionamento.3. Exigir laudo para efetuar a matrícula é discriminatório e irregularÉ papel da escola garantir o atendimento pedagógico e não clínico. Por isso o laudo é um documento complementar e não obrigatório.4. Cobrar taxa porque a criança tem deficiência é ilegal É considerado discriminação e discriminação contra a pessoa com deficiência é crime.5. Nenhuma escola pode sugerir segregar um estudante “A escola não tem o que oferecer ao seu filho”, “Seria melhor procurar uma escola especializada”. 6. Não existe criança com deficiência grave ineducável. Grave é a falta de recursos, investimentos para que as escolas possa ser um ambiente para todos. 7. O decreto 10.502 está suspenso, não tem validade Nenhum Secretaria de educação ou escola pode se basear neste decreto para justificar sua conduta.Eu sei que a inclusão não é um processo simples, não é barato, não é rápido, mas precisamos começar. Capacitar os professores para entender, e atender é o primeiro passo! Incluir é um ato de amor.Texto escrito por Amanda Ribeiro Diretora da Incluir Treinamentos Colunista de Acessibilidade e Inclusãowww.incluirtreinamentos.com.br (11) 9-7327-0252incluirtreinamentos@gmail.com
Após muitos meses de aulas remotas, rodízio de alunos, ensino híbrido, as aulas presenciais voltaram quase que 100% na maioria das cidades e estados. O ensino, acesso à escola, mudaram nos últimos meses, mas um problema comum entre os pais de autistas, continua o mesmo, encontrar uma escola inclusiva, com profissionais capacitados, conseguir um professor auxiliar, um PEI (plano educacional individualizado é ainda um grande desafio, tanto na rede pública quanto no ensino privado. As famílias de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) tem um desafio muito maior, porque, além dos gastos, procura por vagas, elas ainda têm que enfrentar o preconceito de muitas escolas que dizem não estar preparados e não aceitam matricular essas crianças. Há alguns anos a inclusão escolar da criança com deficiência é lei, e cada vez mais há iniciativas para garantir esse direito. Desde dezembro de 2012, a Lei federal 12.764 instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA, considerando, os autistas como pessoas com deficiência. Os autistas têm direito a todas as políticas de inclusão do país, entre elas, as de Educação. Entre os direitos garantidos, o de acesso à Educação, define que o autista tem direito de estudar em escolas regulares e, se preciso, pode ter um acompanhante especializado. As leis federais e estaduais definem sanções aos gestores que negarem a matrícula a estudantes com deficiência. É essencial aos gestores a total ciência das leis e sua sensibilização, para que se amplie a inclusão das crianças atípicas nas escolas regulares. As leis são relevantes e colaboram muito na busca pelos direitos de igualdade e oportunidade de desenvolvimento dos autistas, mas ainda são necessárias ações de capacitação dos educadores e maior conscientização das escolas e redes de ensino para a diversidade. O uso de máscara agora é obrigatório nas escolas, mas como ficam os autistas que não conseguem usar por questões sensoriais ou de entendimento? É muito comum que os autistas tenham alterações sensoriais, para uma criança autista não poder sair de casa e intensificar a higiene, já tem sido muito difícil de compreender e o uso de máscara é um desafio maior ainda.O uso da máscara potencializa o TPS (transtorno do processamento sensorial) comum entre autistas, o TPS dificulta a utilização da máscara, é ruim ter de algo encostando no rosto e orelhas. Não é porque eles não querem utilizar, é porque é muito incômodo, chegando a ser insuportável. Em alguns casos, a aceitação poderá ocorrer, mas na maioria dos casos a insistência do uso da máscara pode gerar crises, irritabilidade, agitação e até mesmo autoagressão. No caso da pessoa autista que tenha o transtorno do processamento sensorial, talvez não seja possível o uso da máscara, por isso é importante que as pessoas ao redor usem a máscara. As famílias estão empenhadas em ensinar e incentivar o uso da máscara, porém muitas vezes não é possível. A Lei federal 14019/2020 sobre o uso obrigatório de máscaras já está incluída a dispensa do uso pelos autistas. É muito importante que todos os professores e gestores saibam sobre esta dispensa para evitar constrangimento, discriminação e abordagens desagradáveis. Quem precisa se adaptar é o ambiente, não dá para tirar a deficiência da pessoa.As escolas, precisam treinar seus educadores para conhecerem melhor as crianças, os meios de aprendizagem e as limitações causadas pelo autismo. A formação dos professores para lidar com essas crianças não é mais uma escolha, mas uma necessidade. Hoje, 1 em cada 44 crianças está dentro do TEA, mais de 4 milhões de autistas no Brasil e esse número deve aumentar, devido à maior eficácia dos diagnósticos e pesquisas a cada ano. Conhecer bem sobre o TEA e suas nuances é o melhor caminho para incluir as crianças. Algumas técnicas são fundamentais para evitar crises que desestabilizem a criança, como o estabelecimento de rotina, a previsibilidade, e o reforço positivo. Há muitas técnicas de manejo baseadas na análise do comportamento aplicada (ABA) que podem ser adotadas, para facilitar a vida dos professores em sala de aula, promovendo a inclusão e acessibilidade da pessoa autista e evitando que as escolas sejam punidas pelo não cumprimento das leis de inclusão e acessibilidade.A capacitação é a chave para inclusão e acessibilidade para o autismo. Dados do CDC (Centro de Controle de Doenças e Prevenção do governo dos EUA)Dados estimados da ONU (Organização das Nações Unidas) que estima que 1% a 2% da população mundial tem autismo Por Amanda Ribeiro Diretora da Incluir Treinamentos Colunista de Acessibilidade e Inclusãowww.incluirtreinamentos.com.br - (11) 97327-0252@incluirtreinamentos
Para mim o Natal é a época mais linda do ano. Porém há exatamente 3 anos atrás, vivi o pior período da minha vida. As suspeitas de que tinha algo de diferente no desenvolvimento da minha filha estavam-se confirmando. Um sentimento de tristeza profunda tomou conta de mim. Eu não conseguia mais dormir, fiquei sem perspectiva, entrei em pânico. Queria encontrar um culpado e por muitas vezes me sentia culpada. Passado um tempo de "luto", sim porque aquela criança idealizada na minha cabeça, nos meus sonhos não existia mais. Eu olhava para minha filha e só conseguia chorar. Me sentia impotente diante da situação, o futuro me aterrorizava. Fiquei reclusa por um período, pois me sentia mais segura em ficar isolada, ao ter que enfrentar os olhares das pessoas.Queria proteger minha filha, me proteger de perguntas que nem eu sabia as respostas. Aquela bebezinha de um ano e meio, já carregava o peso de um diagnóstico importante. Desde então, comecei com a minha busca incansável por especialistas, alguém que pudesse nos orientar e dar respostas às nossas inúmeras dúvidas... Após esse período de descoberta, comecei a ler, buscar perfis de mães e especialistas em autismo no Brasil, já que aqui na Alemanha não tive muito sucesso. Encontrei o perfil da Kaká, ufa!! @autistologos_kaka. Que para mim foi norteador para chegar no caminho que hoje trilho com a minha pequena. A bondosa Kaká, então, me passou o contato de uma pessoa que prestava supervisão a distância, Juliana Moura, a querida que fez e continua fazendo a diferença em nossas vidas! Posso assegurar que ter feito essa escolha foi a melhor coisa que poderia ter acontecido em nossa família. Juliana, docilmente me devolveu a esperança, sabe aquela luz do fim do túnel? Eu comecei a avista-la novamente. Ela fez com que eu voltasse a acreditar na minha filha novamente, na sua capacidade e principalmente no seu potencial. Desde então era hora de enxugar aquele rosto inchado de tanto chorar e começar a batalha mais desafiadora e linda da minha vida. Confesso que nada foi e tem sido fácil, as demandas vão aumentando e novos desafios vão aparecendo. Sara hoje tem 4 anos e 5 meses de idade, é autista e tem apraxia de fala, mas mesmo assim vem evoluindo muito, começou a falar as primeiras palavrinhas, é esforçada e nos enche de orgulho todos os dias. Nos surpreende cada dia mais com a sua força! Além de ser mãe tive que me tornar terapeuta, educadora e entre outras para poder ajudar no desenvolvimento da minha filha. Juntas nos evoluímos cada dia mais, ela no seu desenvolvimento e eu como ser humano. Pois assim, tenho aprendido a dar valor ao que realmente importa nessa vida, a dar prioridade ao que realmente vale a pena. A lidar com o preconceito diário, porque sim ele vem junto com o diagnóstico de autismo. Virei a porta voz da minha filha, sou também a sua advogada quando o assunto lhe são seus direitos... Eu também descobri algo sobre mim nesse período de transformação, minha criatividade aflorou, eu amo preparar atividades para Sara, virou praticamente meu hiperfoco e daí então veio a ideia de criar um perfil no Instagram: @costaeurosia_mamablog, voltado para inspirar mamães, com ideias de atividades lúdicas e educativas.Meu desejo para este Natal, é de que a esperança do recomeço esteja com todos nós. Quando o dia estiver difícil, faça uma pausa, descanse, se dê esse privilegio e depois retome com toda força. Pois é assim que tenho aprendido ao longo dessa caminhada do autismo da minha pequena, Sara. Para vocês mães, pais quero deixar uma mensagem: só vive o propósito quem suporta o processo. Por mais difícil que seja tenho trilhado nesse processo que me fez enxergar o mundo com um novo olhar, pela minha filha, sempre! Texto escrito por: Eurosia Costa Ciancia, mãe da Sara. Residente na Alemanha desde o ano de 2000.
Por vários fatos ocorridos em minha vida, ultimamente tenho tido lembranças muito fortes de minha infância. De família humilde, constituída de pai, mãe, dois irmãos e eu. Lembro-me muito bem de nossa cabeleireira particular - nossa mãe, dos cortes espetaculares que ela realizava em nossos cabelos e de como, depois de cortado, não tinha mais como ajeitar. Mas era o que dava para ser feito sem curso de corte. Minha mãe fazia o melhor que podia com o que tinha em mãos. Lembro-me dos meus pais nunca terem nos deixado passar fome, mesmo tendo que abrir mão de uma refeição ou outra para que nós três pudéssemos nos alimentarmos.Risadas, demos muitas, mas, pensem comigo, três crianças autistas, logicamente sem diagnóstico; porque naquela época a informação sobre o assunto, mesmo entre os profissionais de saúde, era quase nula. Muitas vezes minha mãe correu ao médico, ora com um, ora com outro. Porém, não conseguiu nenhuma resposta que satisfizesse sua preocupação de mãe. Um chorava sem motivo, ou pelo menos assim se imaginava, outro não conseguia falar direito, principalmente quando tinha que falar a palavra “cavalo”.Outros fatos interessantes se deram na escola. Particularmente, sempre me saí muito bem no quesito estudo, no entanto, meus irmãos são um caso à parte. Um não gostava da escola onde estudava; então, simplesmente decidiu não ir mais. Começou a colocar o uniforme, pegar o ônibus e sair para o fliperamam. Até que foi convidado a se retirar da escola. O outro não gostava de estudar mesmo, não conseguia se concentrar e assimilar aquilo que estava sendo ministrado, e suas notas nunca foram muito boas. Só lembrando que aquele o qual foi expulso da primeira escola foi estudar na mesma escola do segundo. Imaginem a reunião de pais e professores, não só as oficiais, mas também as extraordinárias, realizadas, especificamente, com o meu pai.Há muitas coisas boas em tudo isso e que me deixam orgulhoso dessa família, a qual não é muito diferente de tantas outras famílias brasileiras. Dentre elas, está esse poder de recuperação, essa capacidade de se adaptar. Enfim, apesar de todas as dificuldades que enfrentam, com resiliência, conseguem seguir em frente tornando-se, assim, pessoas melhores.Dois fatos muito importantes ocorreram na vida dos meus dois irmãos, isso a meu ver, que fizeram uma diferença enorme em suas vidas. No caso do primeiro, aquele que foi expulso da escola, foi descobrir-se pai de uma criança autista. Fato que o levou a encarar o seu próprio diagnóstico e a lutar pelo aprimoramento da qualidade de vida das pessoas autistas, tornando- se presidente de uma das maiores organizações em defesa dos direitos dos autistas. Já no caso do segundo, aquele que não queria saber de estudar, foi conhecer a moça que hoje é sua esposa e mãe do seu casal de filhos gêmeos – o menino autista e a menina superdotada.Apesar de ainda muito jovens quando se conheceram, alguma coisa mudou na vida dele, pois, daquela criança que se via como coletor de lixo quando crescesse, nasceu um autodidata que correu atrás dos livros os quais havia abandonado na infância, para aprender em poucos meses o que não tinha aprendido em anos. Fez curso profissionalizante e realizou concursos públicos, Dentre todos que realizou, sua pior colocação foi um segundo lugar. Hoje mora nos Estados Unidos com sua esposa e seus filhos, pois ela é mais um daqueles casos de grandes cérebros que saem do Brasil por falta de investimento na pesquisa.Orgulho e amor são as palavras as quais resumem tudo aquilo que sinto neste momento por essas pessoas, além de muita gratidão por fazer parte dessas histórias. Sei que muitas batalhas ainda virão, trazendo consigo derrotas e vitórias, mas no final o que importa é o aprendizado, a capacidade de se reinventar, mais do que isso ainda, o poder de construir a melhor versão de nós mesmos.Por Jhony Cordeiro, autista, 43 anos, policial civil e irmão do Fábio Cordeiro @aspiesincero