Olá a todos, eu sou o Fábio, autista nível 1 e hoje vou falar como pai de autista para os pais e mães de pessoas autistas.Nesse tempo em que estou envolvido nesse mundo do ativismo em prol da causa do autismo, tenho tido contato com milhares de pais e mães de crianças autistas e um assunto é sempre recorrente. "Como será o futuro dos nossos filhos?"Logo que se recebemos o diagnóstico e mesmo após assimilarmos essa notícia que traz uma reviravolta à vida da família, essa é a maior interrogação que se coloca nas nossas mentes.Quase que diariamente pais vêm até mim com as mesmas preocupações. "O que será do filho quando eu não puder mais estar presente?"... "como meu filho será quando for adulto?"... "será que terá autonomia?"Aí corremos contra o tempo, contra as finanças, contra até mesmo as baixas expectativas que toda uma sociedade movida pela busca de um padrão de normalidade tenta nos impor.É uma luta árdua, dura e cheia de incertezas. Porque o amanhã é incerto e quem tem um filho atípico sabe muito bem disso. Sente na pele isso e vê seu próprio filho sentindo no cotidiano o peso dessas incertezas e imposições sociais, pois afinal vivemos em sociedade e a pessoa autista, por mais que algum mito diga o contrário, também busca inserir-se.E leva para terapia, busca na terapia, procura uma abordagem que traga melhores resultados, leva nas consultas, briga na escola, troca de escola, arranja outro emprego ou larga o emprego para poder dar conta de tanto ir e vir.O orçamento aperta, a culpa por não conseguir estar dando um pouco mais ocasionalmente aparece, e tudo isso em função da busca pelo que meu filho será no futuro, por quem ele será e como ele será. Tudo para que ele possa atingir o seu ideal. E qual pai ou mãe não quer que os filhos atinjam seus ideais não é mesmo?Acontece que nesse caminho todo não podemos esquecer de algo muito importante e esse é o alerta que busco com esse texto. O agora! É o que o título diz e é o que espero que todos que estão lendo reflitam. E o agora?Essa é uma pergunta que devemos fazer a nós mesmos porque é óbvio que devemos nos preocupar com o futuro e buscar o melhor, mas nesse caminho não podemos esquecer do hoje, do presente. Porque é hoje que estamos aqui com nossos filhos, e agora que estamos vivendo esse momento único de podermos ser o pai que é o herói, a mãe que protege de tudo e que é infalível aos olhos do filho. Temos que entender que nossos filhos são perfeitos hoje, que o filho ideal já está diante de nós e que ele é o melhor que pode ser agora. Que ele pode sim evoluir com a sua ajuda mas que o que ele é agora faz parte desse caminho e esses momentos não devem ser descartados ou atropelados em nome de um futuro que como já disse, é incerto.Daqui alguns anos ninguém sabe como será. Pode ser que eu esteja ainda ao lado do meu filho, pode ser que já tenha partido; pode ser que meu filho fale ou pode ser que se comunique de outra maneira; pode ser que ele viva sozinho ou que precise dos cuidados de alguém para auxiliá-lo. Tantas coisas que podem ser e que ainda teremos que nos preocupar por muito tempo. Reforço que não estou dizendo que não temos que nos preocupar. Apenas peço para que não deixem de olhar para o agora, porque o agora passa voando e esses momentos vão fazer a diferença na vida e na lembrança do seu filho e claro, nas suas lembranças também. Penso que para ser um adulto feliz o melhor caminho é ser uma criança feliz. Com a aceitação o caminho para uma vida plena torna-se menos pesado e a aceitação tem que começar dentro do lar. Entender que o filho é perfeito não vai contra buscar um futuro melhor, pois qualquer ser humano tem o direito de ter ajuda para transpor suas dificuldades sem deixar de ser quem é.Então meus amigos, sigam na luta por um futuro melhor mas sem abdicar do agora. Curtam seus filhos hoje, tire a cabeça um pouco da incerteza do "como será" porque ainda terão uma vida para pensar nisso, e aproveite o agora para que quando esse futuro chegar seu passado com seu filho não tenha sido apenas um estalo vazio e sem lembranças.Deixe seu filho ser criança e não apenas um projeto de adulto. Sejam pais e não apenas videntes que só miram no futuro!Abraços.Texto escrito por: Fábio A. Cordeiro, Autista, 40 anos | Funcionário Público Federal | Pai de dois meninos, um neurotípico e um autista | Colunista no vidadeautista.com.br | Membro da REUNIDA - Conselho do Autistas | Criador da maior página de humor autista do Brasil - @aspiesincero
Ao receber o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) de seu filho, muitos pais e/ou cuidadores passam a vivenciar experiências estressoras... Desde o entendimento e assimilação do diagnóstico de seu filho, até a dificuldade de acesso a informações e serviços de qualidade e fidedignidade para auxiliar no seu desenvolvimento.É comprovado mediante estudos científicos que pais de criança com TEA passam por mais desafios e estresse ao longo da vida quando comparados a pais de crianças típicas. As intervenções baseadas em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) têm como objetivo a melhora na qualidade de vida tanto para os indivíduos com TEA quanto para seus pais/cuidadores. A grande variabilidade no nível de comprometimento de cada indivíduo com TEA é considerada um dos desafios desta intervenção, que na maioria dos casos precisa ser intensiva, precoce, abrangente e duradoura, além de individualizada. Nem sempre as famílias conseguem acesso a pessoas treinadas para realizar esta intervenção ou enfrentam outras dificuldades que inviabilizam a aplicação da intervenção por outros profissionais. Nestes casos, uma das alternativas é a aplicação de programas de intervenção via pais/cuidadores.A intervenção implementada por pais é uma prática baseada em evidências. O foco permanece no aumento do repertório comportamental do indivíduo e na diminuição da frequência e intensidade de comportamentos indesejáveis. Independentemente de a intervenção ser majoritariamente aplicada ou não pelos cuidadores, o treino de pais é sempre um dos pilares da intervenção baseada em ABA. Em muitos casos eles também são considerados coterapeutas, favorecendo o aumento na intensidade da intervenção, a melhora na qualidade da interação cuidador-criança a partir da aprendizagem de princípios comportamentais e o aumento na probabilidade de generalização das habilidades ensinadas em terapia. Nestes casos, o foco geralmente está na orientação para intervirem com seus filhos para uma comunicação funcional e manejo de comportamentos disruptivos e improdutivos do ponto de vista social. Além disso, os cuidadores podem ser orientados quanto ao ensino de habilidades de autocuidado e o desenvolvimento do repertório de brincar.A intervenção implementada por pais pode iniciar ou não com uma formação conceitual e posterior familiarização com os programas de ensino realizados com base na avaliação inicial do indivíduo com TEA. Neste tipo de intervenção ou mesmo no treino de cuidadores como coterapeutas, muitas ferramentas como vídeomodelação, instruções diretas e escritas e role-play podem ser utilizadas. Este processo sempre é pensado de acordo com as possibilidades e necessidades da família. Cada fase do desenvolvimento da pessoa com autismo exigirá necessidades diferentes. Por isso, em cada fase os cuidadores necessitam de um nível variável de suporte. Muitas vezes, a família abdica de suas atividades para arcar com os investimentos de tempo e finanças na intervenção. Neste sentido, os profissionais podem auxiliar no estabelecimento de prioridades de tratamento, para que as necessidades dos cuidadores também sejam consideradas, a fim de que possam estar fortalecidos para trilhar este caminho de muitos desafios, mais também de muitas conquistas e realizações! Texto por Gabriela Binder – Psicóloga Clínica CRP 07/32536 | Coordenadora da Clínica Mundo Kids no Rio Grande do Sul
Olá pessoal que acompanha o MK. É um prazer estar por aqui novamente, escrever sobre minhas vivências em relação ao Autismo, compartilhar um pouco com vocês sobre as minhas percepções enquanto pessoa Autista.O assunto de hoje está envolto em grandes polêmicas. Acredito que muitos de vocês já se depararam com algum tipo de discussão ou questionamento sobre esse tema.Estou falando das estereotipias ou, como muitos preferem, stims. Antes de qualquer definição sobre o que significam esses termos, vou fazer considerações que acho relevantes ao caso.Durante muito tempo o autismo foi apenas visto e representado por parte dos profissionais ou, dos pais de pessoas autistas. Com isso, condutas, termos e as perspectivas em relação ao TEA eram sempre através desse olhar. Acontece que, com o passar dos anos, com maior conhecimento acerca das questões relacionadas ao Espectro do Autismo, com aumento de profissionais especialistas no assunto e, maior capacidade de se fazer o diagnóstico de maneira eficaz. Além do surgimento de uma cultura autista, que passou a ganhar voz por um panorama da figura de Autistas adultos, muitas questões são observadas por outro ângulo.E, como quase tudo que exige algum tipo de mudança causa alguma resistência, não seria diferente ao tratarmos do nosso assunto de hoje. Qual é o termo correto, estereotipias ou stims?Primeiramente, temos que saber o que significa cada um desses termos.Estereotipia é o termo médico que define as ações repetitivas ou ritualísticas que podem apresentar-se através de movimentos, da fala ou sons, e até mesmo da postura do indivíduo. Qualquer pessoa pode apresentar estereotipia, porém, em pessoas Autistas é algo tão presente e notório que chega a ser um dos critérios para diagnosticar a condição.Mas e Stim, o que significa então? Pois bem, essa é a maneira pela qual grande parte da comunidade Autista prefere utilizar, como alternativa ao termo médico. Provém de uma abreviação do termo em inglês stimming que significa algo como "comportamento autoestimulatório".Aí, alguém pode pensar que o Autista prefere stim ao invés de estereotipia, pode ser uma simples implicância com o termo. Mas não é bem assim, tem uma explicação para isso. Muitos Autistas acham que o termo médico é estigmatizante e, por muito tempo houve uma falsa ideia de que esses tipo de ação era um comportamento sem função, inclusive precisaria ser cessado por ser inadequado ao convívio social.Hoje, felizmente, com a voz de vários Autistas adultos, que se pronunciam e relatam a importância de tal atividade em suas vidas, já se sabe e, cada vez mais é disseminada a informação de que nem de longe isso é algo sem função. Como o próprio termo (stimming) sugere, essas ações servem para regulação aos estímulos externos e internos, também para controle de ansiedade e, até mesmo, para gerar conforto diante de situações de estresse.Então falar "estereotipia" está errado?A resposta é não! Não podemos e nem devemos ignorar o termo assim de pronto. Precisamos ter a percepção de que artigos científicos, livros, manuais médicos, etc. usam tal palavra na literatura científica. Não podemos simplesmente excluir do vocabulário, de uma hora para outra, com o risco de maior prejuízo no entendimento, na área profissional que não está familiarizada com o conceito de "stim".O que precisa ser excluído então, é o entendimento de que essas ações, tão presentes e importantes no TEA, precisam ser erradicadas com finalidade de atingir um padrão de normalidade, a ser alcançado pela pessoa autista para sua adequação na sociedade.Ainda em tempo, é importante ressaltar que nem toda ação repetitiva ou ritualística, que caracteriza esse critério diagnóstico do TEA e, que está presente durante todas as fases do desenvolvimento da pessoa, é benéfica. Existem ocasiões em que essa ação é prejudicial ao bem estar do indivíduo, nesses casos, é de extrema necessidade haver intervenção, no sentindo de não permitir e de ressignificar tal ato, para outro que não acarrete em prejuízos.Para finalizar, com uma perspectiva pessoal e, para dividir com vocês como eu separo isso na minha cabeça, vou dar a minha definição (enfatizando que isso não é algo oficial, sim a minha maneira de definir) desses dois termos em questão.Para mim, quando se trata de algo que necessita de reparação, de ser cessado ou ressignificado, que necessita de intervenção profissional, chamo de estereotipias.Quando se refere a algo que trate de autoregulação, autoestimulação, que traga calma, que envolva prazer e seja benéfico, chamo de stims.Texto escrito por: Fábio A. Cordeiro, Autista, 40 anos | Funcionário Público Federal | Pai de dois meninos, um neurotípico e um autista | Colunista no vidadeautista.com.br | Membro da REUNIDA - Conselho do Autistas | Criador da maior página de humor autista do Brasil - @aspiesincero
Se olharmos à nossa volta, observamos uma enorme diversidade entre as pessoas, suas igualdades e suas particularidades. Somos seres de infinitas possibilidades. Em um processo de avaliação neuropsicológica também é assim. Muito vem sendo pesquisado, e as neurociências fazem cada vez mais parte do nosso dia-a-dia, no entendimento sobre nossas estruturas cerebrais, suas funções e como isso repercute em nossos comportamentos.A Neuropsicologia estuda o cérebro e o comportamento humano, ou seja, as alterações cognitivas e emocionais das pessoas e o impacto disso no seu comportamento. Estas alterações podem estar associadas a lesões cerebrais ou não.Quando falamos do público infantil, muitas vezes as queixas estão relacionadas a alterações em comportamentos, atrasos no desenvolvimento e dificuldades emocionais. Na avaliação neuropsicológica das crianças, o objetivo é identificar seu funcionamento cognitivo e detalhar suas disfunções, relacionando isso a suas dificuldades emocionais e/ou comportamentais. Com a avaliação neuropsicológica, podemos entender as potencialidades e as dificuldades da criança em diversas funções cognitivas: atenção, linguagem, memória, funções executivas, motoras e visuais, possibilitando também a avaliação de seu quociente de inteligência (QI). Estas funções refletem diretamente na capacidade da criança ao realizar suas atividades de vida diária. Por isso, a avaliação pode ajudar na indicação de condutas parentais, educacionais, ou mesmo no encaminhamento para reabilitação e demais terapias específicas, que possam contribuir para os avanços no desenvolvimento da criança.A avaliação neuropsicológica geralmente é solicitada por médicos para auxiliar na confirmação ou não de diagnósticos de transtornos do neurodesenvolvimento, como transtorno do espectro autista, deficiência intelectual, transtornos da comunicação, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e transtorno específico da aprendizagem. Além disso, com a avaliação neuropsicológica é possível identificar comorbidades (quando há mais de um transtorno identificado) e auxiliar no entendimento do prognóstico, ou seja, da evolução e prováveis consequências do transtorno para a vida da criança. Texto Por: Gabriela Binder – Psicóloga Clínica, Especialista em Neuropsicologia | CRP 07/32536 | Supervisora na Clínica Mundo Kids no Rio Grande do Sul – RS
Devido a página @aspiesincero no Instagram tenho a possibilidade de contato com muitos pais e não é raro conversar com alguns que acabaram de receber o diagnóstico do filho e encontram-se um tanto quanto perdidos. Muitos me pedem uma dica, um conselho primordial que possa ajudar com essa nova realidade. Eu não sou capaz de dar um conselho, uma dica apenas que possa servir para tudo, mas vou usar do meu olhar, tanto de pessoa autista como a de pai de autista, para falar um pouco sobre isso hoje.Quando vem a notícia que nos tornaremos pais, fazemos uma idealização do filho. Eu digo fazemos, porque também passei por esse processo, também fiz essa idealização do filho “perfeito” quando soube que seria pai. Aí vem o autismo e quebra, num primeiro momento, essa imagem do filho ideal. Eu sei como é se sentir assim, eu me senti assim. Agora, com toda minha vivência o que eu posso dizer a vocês é: não sintam-se culpados por pensarem assim! É normal, esse sentimento vem mas ele passa.Quando você se propõe a entender o autismo e o seu filho, vai compreender o quão perfeito ele é e como existem muitas formas de amar e de sentir o amor do seu filho. Você verá o amor nas pequenas coisas, nos detalhes, e vai entender que existe outra maneira de ver as coisas, um jeito puro, direto, sincero e simples de amar.Aceite no seu filho suas características, muitas vezes únicas, pois muitas coisas nem você nem ele poderão mudar. Caso seja não verbal, seja sua voz, porém se ele puder falar, escute-o.Ajude seu filho em suas dificuldades, a superar comportamentos que podem ser prejudiciais a ele, mas também ajude para que ele possa ter seus comportamentos autísticos respeitados, que ele possa ser respeitado do jeito que ele é sem que tenha que se enquadrar em padrões apenas para agradar ou se adequar em convenções sociais.Não posso dizer que será sempre fácil, haverão muitos momentos difíceis, afinal criar um filho é difícil. Para esses momentos difíceis eu vou dar um último conselho que, ironicamente ou felizmente, é o mais fácil de seguir e sou capaz de apostar que esse você já segue. Ame!Aceite, ajude, ame!!!Texto escrito por: Fábio A. Cordeiro, Autista, 40 anos | Funcionário Público Federal | Pai de dois meninos, um neurotípico e um autista | Colunista no vidadeautista.com.br | Membro da REUNIDA - Conselho dos Autistas | Criador da maior página de humor autista do Brasil - @aspiesincero
No reforçamento diferencial algumas respostas são escolhidas para serem reforçadas enquanto outras são colocadas em extinção. Para explicar isso melhor é preciso salientar que: existem quatro tipos de reforçamentos diferenciais e cada um será utilizado dependendo da demanda do paciente, isto é, o comportamento a ser modificado será analisado para decidirmos qual melhor procedimento a ser utilizado. DRO – É um Reforço Diferencial de Outros Comportamentos: Em DRO escolhemos qualquer outro comportamento diferente ao comportamento inapropriado para realizarmos o reforçamento em determinado intervalo de tempo, por exemplo, a criança que costuma ver TV fazendo flapping (balançar as mãos). Reforçaremos qualquer outro comportamento, em um intervalo de tempo, que o comportamento de fazer flapping não acontecer, podendo ser, por exemplo, levantar as mãos, o qual não é incompatível ao flapping. DRL – É um Reforço Diferencial de Baixo Índices de comportamento: Em DRL reforçamos, em intervalo fixo, se houve um número X do comportamento inapropriados. O objetivo será de reduzir o número de comportamentos inapropriados por intervalo fixo de tempo até acontecer a extinção (ausência) dos mesmos. Por exemplo, em 10 minutos, a criança apresentou 5 comportamentos inapropriados com topografia de flapping enquanto assistia TV. Passados 10 minutos, haverá reforço. Caso, nos próximos 10 minutos haja 5 ou menos comportamentos iguais, haverá reforço novamente. Se houver mais comportamentos com está topografia, não apresentaremos o reforçador. DRI – É um Reforço Diferencial de Comportamentos Incompatíveis: No DRI escolhemos, como o próprio nome diz, um comportamento “incompatível” àquele inapropriado. Por exemplo, o comportamento que queremos colocar em extinção são os flappings quando a criança assiste TV. Portanto escolheremos um comportamento incompatível a esta topografia, como por exemplo, bater palmas. Portanto, reforçamos um comportamento topograficamente incompatível ao que queremos colocar em extinção. DRA – É um Reforço Diferencial de comportamentos Alternativos: Em DRA reforçamos comportamentos alternativos já ensinados para o aluno. Este comportamento não precisa, necessariamente, ser incompatível ao que será colocado em extinção. Ainda seguindo o exemplo do flapping, podemos ensinar o aluno a ter um objeto sensorial para segurar enquanto assiste a TV. Com isso será possível fazer uma substituição, o aluno deixará de fazer o flapping e irá segurar/manusear o item sensorial. O Reforçamento Diferencial pode ser usado em qualquer comportamento que precisa ser colocado em extinção. Contudo, para que escolhamos qual o manejo correto, é necessário fazer uma boa análise funcional do comportamento inapropriado, a fim de investigar qual a função deste comportamento e a sua frequência. Comportamentos Auto e Heterolesivos podem ser modificados através de reforçamento diferencial, como por exemplo cutucar-se, bater-se com tapas, bater-se em objetos, entre outros. Contudo, é necessário perseverança e, mais uma vez, uma análise funcional muito bem feita assim como um programa de reforçamento diferencial especifico para aquele comportamento.Gostou desse conteúdo? Quer saber mais? Aguardem nossos cursos Online e nos acompanhe no Instagramm @mundokids.abaPor: Elisa Lengler - Psicóloga, especialista em Psicologia Sistêmica e em ABA pelo Instituto Paradigma- SP | CRP 12/11990 | Supervisora na Clínica Mundo KidS |Coordenadora Parque Azul em Santa Catarina.
DTT- Ensino por tentativas discretasDentre as diversas estratégias que compõe a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) para a intervenção de crianças com desenvolvimento atípico, uma delas é o DTT, ou seja, Ensino por Tentativas Discretas, a qual se dá por um ensino estruturado e planejado de acordo com as necessidades do paciente, de forma individual. Para a aplicação do DTT é necessário que o aplicador receba as instruções, treinamento e supervisões semanalmente. O processo de ensino se dá por uma contingência altamente descrita com o passo a passo que deverá ser seguido, sendo desde a instrução dada a criança, o tipo de ajuda fornecido a ela, a resposta da criança seguida por uma consequência imediata de um elogio social, dentre itens que são reforçadores para a criança, como brinquedos, recursos sensoriais, doces e até mesmo eletrônicos (vai da preferência de cada criança). É importante dizer que toda essa operação precisa ser altamente descrita e analisada em cada supervisão se tais comportamentos alvos estão sendo adquiridos ou não, para alterar a forma de aplicação e ou procedimento. Ao elaborar o programa de ensino o programador/supervisor do caso deverá descrever a hierarquia de dica e como elas poderão ser esvanecidas, a quantidade de acertos independentes que a criança precisará ter para atingir critério de aprendizagem, a manutenção dos comportamentos aprendidos, além do teste de generalização que deverá ser aplicado em diversas condições e com variadas pessoas. Queremos que o nosso aluno não aprenda somente com o AT ou somente com o pai que está aplicando os programas de ensino. Quando elaboramos tais programas, idealizamos para que todos os repertórios adquiridos sejam também expandidos, e desta forma consideramos uma aprendizagem eficaz!No ensino de DTT é também realizado repetidas vezes, tendo o aprendiz múltiplas tentativas em uma mesma sessão de emitir a resposta esperada. Para garantirmos essas respostas e analisarmos os próximos passos, é necessário que todos os comportamentos que estão sendo ensinados sejam registrados a fim de mensurar as respostas do aluno e traçar novas metas. Além disso é necessário que esses comportamentos sejam posteriormente operados em gráficos para melhor visualização das respostas e controle de aprendizagem.Este ensino DTT apresenta eficácia com comprovação científica para promover o aprendizado de novas habilidades, auxiliar na diminuição de comportamentos inapropriados, fortalecer respostas incompatíveis àquelas apresentadas como indesejadas, e aumentar a probabilidade de comportamentos apropriados.Alguns princípios básicos para o planejamento do DTT são:• O ensino deve ser individualizado.• Para cada objetivo é realizada uma análise de tarefas.• Os comportamentos ensinados devem ser repetidos para que a criança dê a mesma resposta alvo por mais vezes.• Existem critérios de avanços. Uma nova habilidade só começa ser ensinada quando a anterior já está aprendida, e esta deverá ser posta em manutenção.• Utilizamos pressupostos da aprendizagem sem erros, ou seja, o terapeuta, quando necessário apresenta ajudas para que a criança se mantenha motivada.• Todas as respostas da criança são registradas. Desta forma temos controle do que a criança está aprendendo e em qual nível de ajuda ela está.• Os registros são importantes para analisar o passo seguinte.• A resposta esperada deve ser detalhada na folha de registro, para que, caso haja mais de um aplicador, estes aceitem a mesma resposta alvo da criança, reforçando-as de maneira correta.Ensino naturalísticoO ensino naturalístico ou incidental tem como característica a iniciação da criança, ou seja, essa interação não é estruturada, o aprendizado se dá através de brincadeiras ou conversas (neste caso, quando trabalhado questões relativas ao comportamento verbal).Muitas vezes esta iniciação inclui um pedido de ajuda, como, por exemplo, quando damos à criança um brinquedo com uma peça faltando e ela precisa pedir, aproveitamos a oportunidade para dar continuidade à intervenção.O terapeuta pode apresentar uma dica para ajudar a criança, mas diferente do DTT, onde começamos com a ajuda mais intrusiva, no ensino naturalístico ou incidental, começamos com a ajuda menos intrusiva (least to most) de menos para mais, contudo o uso de dicas é mais flexível neste modelo de ensino.Outro procedimento utilizado durante o ensino incidental é a modelagem, ou seja, o terapeuta vai refinando a resposta da criança a partir da apresentação da mesma até que a topografia da resposta desejada seja alcançada. No ensino naturalístico o ambiente precisa ser organizado, com os itens de preferência da criança para que assim, aumente a probabilidade dela iniciar a interação, ou seja, mesmo que a sessão não seja estruturada requer um planejamento e preparo.Assim que a criança apresenta a iniciativa em uma brincadeira e o terapeuta interage, a criança é reforçada de forma relevante ou funcional e não arbitrária. Isto é, no ensino naturalístico o reforçador é intrínseco, acontece na própria interação e/ou na brincadeira. Por este motivo a análise de reforçadores na intervenção incidental é muito importante, além do conhecimento prévio dos repertórios que a criança tem, para que desta forma sejam trabalhadas as expectativas realistas e a apresentação das dicas nos momentos apropriados.Apesar do ensino incidental ser bastante utilizado na aquisição de linguagem, pode-se ensinar habilidades sociais e acadêmicas também. Existe um mito que se ensina apenas conteúdo lúdico através de ensino incidental e conteúdo acadêmico através de DTT. Isso não existe, sendo que ambos podem ser utilizados para promover o ensino de todos os repertórios que o indivíduo precisa.A maior vantagem apresentada pelo ensino incidental é de que a principal variável é a motivação da criança, o que facilita a generalização comportamental, ou seja, é mais provável que a criança diga “boneca” se quer uma boneca em ambiente não estruturado se ela foi estimulada em ambiente naturalístico.Para finalizar quero destacar que tanto o ensino por tentativas discretas-DTT quanto o ensino naturalístico se complementam. Alternar entre um e o outro pode deixar a sessão mais divertida, aumentando a motivação da criança e consequentemente o aprendizado.
Algumas famílias chegam na clínica após seu filho(a) ter recebido o diagnóstico de autismo e com muitas dúvidas de como eles deverão agir partindo deste diagnóstico. Uma das mais comuns que normalmente eles têm, é se o seu filho vai se desenvolver e como a ABA pode ajuda-lo nesse processo. Então primeiro vamos entender o que é ABA e alguns modelos de ensino que são mais usados partindo dessa ciência.A Análise do Comportamento Aplicada, ou ABA da sigla em inglês para Applied Behavior Analysis, é definida como uma ciência aplicada, ou seja, que se aplica, diante de um dos três pilares da Análise do Comportamento, sendo os outros dois da filosofia, que é denominada por Behaviorismo Radical, baseada na obra de Skinner, e na área de pesquisa, a Análise Experimental do Comportamento.As intervenções em ABA têm como principal objetivo ampliar repertórios comportamentais dos indivíduos e diminuir a frequência e/ou a intensidade de comportamentos indesejáveis ou com pouca adaptação.É importante destacar que as intervenções em ABA requerem uma avaliação sempre cuidadosa, com uma coleta de dados sobre os fatores que influenciam cada comportamento. Essa coleta visa analisar o progresso individual e auxiliar na tomada de decisões em relação ao programa de intervenção e soluções para os comportamentos desafiadores/inapropriados. Quando Ivar Lovaas, em 1987, fez seus primeiros estudos utilizando da ABA com crianças autistas, ele enfatizou a que a terapia fosse intensiva, fazendo-se necessária de 20 a 40 horas semanais a fim de obter os melhores resultados. Nos dias atuais vemos que as crianças que recebem essa carga horária semanalmente apresentam excelentes resultados e dependendo dos sintomas, muitos deles chegam a ser eliminados e transferidos em ganhos comportamentais.É importante também destacar que a ABA não é só para o tratamento de pessoas com autismo. Ela é uma ciência que está presente em todos os contextos a fim de promover a modificação do comportamento, seja no esporte, na economia, na escola, e na vida de qualquer indivíduo. Quando falamos de ABA, devemos salientar que para cada criança existe um Plano de Ensino Individualizado, que chamamos de (PEI). Após a criança passar por uma avaliação criteriosa e ser verificada as necessidades iniciais, é então, elaborado um PEI com as metas de ensino que deverão ser aplicadas em casa, no consultório e nas outras terapias que a criança faz. Todos os objetivos de ensino são traçados de forma individual para cada criança. Justamente por isso ABA não é um método! Quando falamos em método, entendemos que, o que faremos com uma pessoa poderá ser feito para todos e é por isso que a ABA não é um método. Levando em consideração que cada indivíduo é um, com a sua particularidade e necessidade.